HOMEM

E tinha um passado,
um momento único datado
entre fatos
e fontes d'outrora
que não cessava.
Era instintivo e fático
prá ser intacto.
Homem de muitos momentos
e poucos instante
de sobriedade
sem solidez.
Era o mundo,
o perfeito encontro
entre homem
e desejo,
porque era pedaço
ao acaso,
estupefato,
homem dado ao descaso
da dor,
e sabia ser,
sendo ele o homem
da vida que tinha,
sem querer ter outra.

"Fomos rever o poste
O mesmo poste de quando a gente brincava de pique e de esconder
Agora ele estava verdinho!
O corpo recoberto de limo e borboletas.
Eu quis filmar o abandono do poste.
O seu estar parado
o seu não ter voz
O seu não ter sequer mãos para se pronunciar com as mãos.
Penso que a natureza o adotara em árvore
Porque eu bem cheguei de ouvir de arrulos de passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
Tentei transcrever para a flauta a ternura dos arrulos.
mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o chão com alguém
que procurasse o chão para o repouso
Tivemos saudades de nós"

1ª Garatuja

Aqui se dão palavras,
gestos e elementos
que gestam a vida
nascida pro agora,
pro ontem.